Monday, March 06, 2006

Apanhado 60 vezes sem carta

Vitorino Ferreira chumbou na única vez que tentou tirar a carta. Um jovem, de 22 anos, conhece no dia 2 de Novembro a sentença dos 60 processos a que respondeu em tribunal, todos resultantes da condução de moto e carro sem carta.
Para trás, ficaram já muitas multas pagas em dinheiro e condenações a prestar serviços em favor da comunidade. Vitorino Jorge Ferreira, natural de Sobrado, concelho de Valongo, solteiro, funcionário de restauração, face aos 60 processos que pendem sobre si na comarca de Penafiel, incorre numa pena que, em cúmulo jurídico, poderá atingir os 15 anos de cadeia. “Não sou nenhum criminoso, não roubei nem matei, nunca provoquei nenhum acidente nem magoei qualquer pessoa. Não fiz mal a ninguém e não entendo porque sou acusado desta maneira”, disse ao CM Vitorino Ferreira. E afirma que só uma vez foi interceptado pelos agentes da autoridade. “A Brigada de Trânsito da Maia mandou-me parar, fui multado e, como não tinha dinheiro, tive de trabalhar para a junta de freguesia, como coveiro, cinco horas por dia durante seis meses”. Após recordar que a partir dali as contra-ordenações apareciam às dezenas em sua casa, o jovem referiu: “Os agentes da PSP de Valongo conheciam-me de tal forma que, quando me viam passar de carro, apenas levantavam o dedo da mão a dizer “mais uma”. E nas idas a tribunal, Vitorino Ferreira, aconselhado por advogados oficiosos, confessava-se culpado. “Diziam que era melhor para o meu futuro, mas agora tenho todos estes processos às costas e não sei o que fazer”. Na única vez que esteve preso, por dois dias, por não ter condições para pagar uma multa, foi a mãe – com quem vive – que conseguiu juntar o dinheiro para o soltar. Considerado pelas autoridades como “um acelera da via pública”, Vitorino Ferreira confessa que a sua grande paixão, desde os 14 anos, pelas motos e carros pode acabar: “Primeiro tive uma moto 125 cc de cilindrada, mas, devido a vários acidentes, fui obrigado a mudar para o carro. Andei a tirar a carta, fui a exame, chumbei e nunca mais lá voltei. Solicitei ao meu advogado que juntasse todos os processos para saber o que posso fazer da minha vida. Se me vejo livre disto tudo acaba a paixão e nunca mais ando de carro nem de moto”.

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